quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ciclo de Estudos Globalização, UE e RUPs



No âmbito dos estudos emanados deste Centro, tem sido cada vez mais importante a reflexão acerca da importância das ilhas já não e apenas, no quadro do Atlântico, mas no quadro mais amplo e complexo da globalização.

Ao dar início a um Ciclo de Estudos, complementando-o com a realização do Colóquio, o CEHA promove, no âmbito dos Estudos Insulares e Geopolíticos, um forum de debate que agenda contributos emanados dos diversos domínios implicados: os da decisão e da execução política e os académicos e científicos. Poderemos, assim, eventualmente, proporcionar um quadro de referência dos assuntos globais, no âmbito da União Europeia e das Regiões Ultraperiféricas.

Tendo em consideração as preocupações acima descritas, as conferências e palestras ocorrerão de Janeiro a Junho de 2011 e o Ciclo culminará com a realização do Colóquio de 21 a 23 de Setembro do próximo ano.

Iniciamos, dia 07 de Janeiro, com a conferência a cargo do Dr. Nuno Teixeira, eurodeputado pela Madeira. Seguir-se-ão:

António Almeida [UMa] – 28.01.11,
Francisco Santos [antigo Secretário Regional de Educação] 04.02.11,
Sérgio Marques [antigo eurodeputado, pela Madeira] 18.02.11,
Fernanda Cardoso [Directora Regional dos Assuntos Europeus e Cooperação Externa] 04.03.11
Rubina Berardo [Jovem investigadora no domínio da segurança, nas relações interestaduais] 18.03.11,
Ana Maria Kauppila [CEHA - Investigadora na Área dos Assuntos Culturais – políticas europeias] 29.04.11,
Tolentino Mendonça [Universidade Católica Portuguesa] 05.05.11.

[A conferência de encerramento, a 27 de Maio, carece, ainda de confirmação por parte do orador.]

A transponibilidade de todas as barreiras parece ser, actualmente, a descrição mais próxima do fenómeno, a que se convencionou designar “globalização”. A ideia de uma comunidade partilhada, globalmente, em tempo real, por uma geografia díspar, fascina, ao mesmo tempo que intimida. O fascínio, a par da incerteza e da insegurança parecem, assim, definir uma atitude universal face a novas formas de exercício do poder, a entidades “invisíveis”, a uma estranha sensação de constante e desenfreado controlo do indivíduo pelas novas agências e instâncias que definem as narrativas do presente.

A UE, enquanto organização supra-estadual, transnacional, definiu, no seu mais recente documento legal, pelo qual se devem reger todos os vinte e sete países membros, o Tratado de Lisboa [neste momento, já em processo de reformulação], o que parece configurar uma crescente despossessão dos Estados com o objectivo de instituir uma unidade de países a quem se outorga uma cada vez menor parcela de independência, conceito sobre o qual assentava, nas anteriores centúrias, o Estado-nação. A novel semântica político-social sugere um questionamento académico-científico que faculte respostas fundamentadas às questões que inquietam a Humanidade no séc. XXI, aos desafios da contemporaneidade.

As RUPs – entidades políticas e administrativas instituídas pela UE – dizem respeito a espaços insulares, arquipelágicos que, em função desses mesmos estatutos, detêm determinadas prerrogativas no quadro da União, sobretudo tendo em conta as respectivas ZEEs [Zonas económicas exclusivas] e o que se designa por “dificuldades permanentes” [do isolamento, dos transportes, da sustentabilidade ambiental, etc.]. No entanto, no âmbito alargado de uma organização supra-estadual e de um mundo globalizado, como podem as ilhas garantir a sua sustentabilidade futura e assegurar a sua própria viabilidade às gerações futuras? Serão “lobby”? Em que âmbito se define a ética do desenvolvimento? E, assim sendo, detêm – as ilhas - a força de pressão efectiva? Qual a sua real relevância geopolítica?

A “sobrevivência” destes espaços insulares, a sua resiliência, representam dimensões de um desafio maior que suscita a questão da preservação das identidades. Essa transformação, podendo ser oportunidade é, no entanto, responsável por tensões e equilíbrios precários que, não sendo negativos, podem, no entanto, provocar disrupções sociais significativas colocando em risco a questão central que se coloca a esses espaços e que é a da sustentabilidade, nas suas diversas vertentes.


Ana Maria Kauppila, Amílcar Pereira e Odeta Pereira

[NOTA:  Aguarda Validação pela SREC-DRE 
A assitência ao Ciclo é livre e gratuita.
Para inscrições relativas à Formação associada, por favor endereçar mensagem aqui ou para cehaform@gmail.com]

Sem comentários:

Enviar um comentário